3º DIA – Foz do Iguaçu / Pres. Roque Saenz Peña

Como no Castelo Rá Tim Bum… senta que lá vem história….

Capítulo I – 45 minutos de agonia.

Dia de jornada longa, acordamos cedo, café da manhã  reforçado e mão na estrada, afinal é o dia de finalmente entrar na Argentina (Hermanos que tanto me gustan). Como sempre fazemos, saímos do hotel e paramos no posto mais próximo para completar o tanque e calibrar os pneus, eu (Renato) estou usando uma pequena mala colocada sob o tanque para colocar todos os meus documentos pessoais, documentos legais, o  dinheiro e cartão de crédito que usarei na viagem, além de telefone celular, máquinas fotográficas, enfim, minha vida toda ali dentro. Por ficar em cima do tanque todas as vezes que abasteço, preciso retirá-la para abrir a tampa do tanque, pois é, tirei e coloquei  em cima da mala traseira enquanto abastecia. Completado o serviço, não recoloquei  no lugar correto, preso com as fivelas como manda o figurino, ou seja ficou solta atrás, em cima da mala traseira … Dá para imaginar? Saímos do posto achando que agora era a hora e seguimos sentido fronteira dos dois países. Passamos pela Aduana Brasileira que não é necessário parar a moto, somente reduzir a velocidade,  e até a Aduana Argentina, onde realmente apresenta todos os documentos são mais ou menos 3 quilômetros, neste momento meu irmão, que seguia na minha frente, fez um sinal para tirar uma foto, foi aí que eu olhei para o tanque da moto e….cadê a mala com tudo? A sensação naquele momento foi um misto de pavor com desespero que eu não consigo traduzir, lembrei  imediatamente que saí do posto com a mala solta, sem recoloca-la no lugar e sei lá onde teria caído. A primeira reação foi avisar o meu irmão que seguia na minha frente, emparelhei a moto ao seu lado e gritei com toda a força que me restava…..volta. Neste momento fiz meia volta e retornei os 10 km que tínhamos percorrido desde o posto que abastecemos na maior velocidade que conseguia imprimir, acha que bati o recorde de velocidade para local, espero que não cheguem as multas. Neste percurso, passavam na  minha cabeça todas as possibilidades, até a da viagem acabar alí. Minha intenção era retornar ao posto e tentar a sorte da mala ter caído ainda dentro do posto, cheguei e fui direto a pessoa que tinha abastecido a minha moto. Fiz a pergunta, torcendo por uma resposta positiva, pela expressão de surpresa que do funcionário e na sequencia  veio a resposta que eu não queria ouvir, meu mundo caiu. Imaginei que poderia deve ter caído aqui por perto, afinal estava solta; Comecei então a perguntar a todas as pessoas que encontrava pela avenida e todos respondiam a mesma coisa… Não vi nada. Neste momento pensei,  preciso ligar para o celular que estava dentro da minha mala , afinal quem a encontrou poderia estar aguardando uma ligação. Mas como ligar, se quando gritei ao meu irmão…. volta, retornei ao posto e não disse mais nenhuma palavra a ele, que sem entender nada,  ficou parado me aguardando,  afinal ele tinha o telefone que eu poderia usar. É aí que começam a aparecer os dois anjos que eu jamais vou esquecer. Parei a moto em frente a uma revende de carros Mitsubishi,   procurei a vendedora e expliquei o que estava acontecendo, disse que precisava usar o seu telefone para tentar localizar primeiro o meu irmão depois o meu telefone, acho que vendo a minha cara branca de desespero prontamente se prontificou a me ajudar, seu nome é Fernanda a qual eu agradeço imensamente sua presteza e solidariedade. Passados alguns minutos de surge o segundo anjo chamado Edson que viu a minha moto parada em frente a revenda de carros parou e perguntou Fernanda de quem era aquela moto porque ele tinha encontrado uma mala que poderia pertencer a moto. Ufa! Tudo estava resolvido, minha viagem ia continuar, recebi a mala intacta, com todos os pertences,  só que com o celular quebrado,  que caiu da mala quando a mesma caiu da moto e foi literalmente atropelado por uma carro, mas nessa hora o celular é o que menos importava.

 

 

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Agradeço muito a Fernanda e o Edson que nos faz pensar que o mundo ainda tem jeito.

Capítulo II – Os Perrengues da Estrada.

Bom, vamos continuar porque tínhamos 840 Km pela frente em uma região extremamente difícil, segundo outros que fizeram o mesmo percurso e relataram através de blogs todos os “perrengues” que passaram.

O trecho tinha retas imensas, quentes e para piorar falta de gasolina em vários postos que parávamos, em uma destas buscas por combustível,  conhecemos o Daniel de São Paulo que também estava em um posto meio perdido, aliás perdido do grupo que seguia com ele. Neste momento ouvimos do frentista do posto…. “só hay nafta a 70 quilometros  adelante” , eu olhei para o marcador do combustível da minha moto e tive a certeza que não dava para seguir; Então  encorajado pelo Daniel e meu irmão,  decidi seguir viagem, porém com velocidade reduzida para diminuir o consumo, resumindo foram os 70 Km mais longos da minha vida, com calor próximo do 40 graus e ainda por cima, escoltado pelos dois, isso sim é cumplicidade.

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Uma das poucas curvas do trecho.

 

Capítulo III – O Novo Amigo.

Chegamos em  Saenz Peña,  nosso destino do dia,  por volta das 7 da noite (só o pó) e acabamos ficando no mesmo hotel. Conseguimos ainda uma consultoria técnica do Daniel para resolver o problema técnico em nossos intercomunicadores (Scala Rider) que teimavam em não funcionar e em menos de cinco minutos mais esse problema foi resolvido, depois tudo acabou em um belo jantar já com os amigos do Daniel devidamente encontrados,  com muita cerveja, até 1 e meia da madrugada.

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Amanha trecho de 650 km, até Salta, já ao lado da Cordilheira do Andes.

Até lá !!!

Comments

  1. Denise Scalco

    Estava literalmente sem fôlego achando que você já estava voltando pra casa…….aaaaaaaaaaaaa

    que desespero!!!!

    abraços!! mais Atenção!! kakak e boa viagem!!

  2. Paulo Miranda

    Grande Carlos, dei sorte por ter escolhido para ler primeiro sobre o terceiro dia de viagem!!!! Que misto de desespero, adrenalina e comédia!!!! boa viagem!!!!!
    Grande abraço
    Ps.: Toma um vinho caprichado na Argentina!!!

  3. Zé Roberto

    Renato & Irmão
    Se ate o 3º dia já tem tanta emoção, imagino daqui em diante.
    Estou viajando virtualmente com vcs.
    Vamos em frente.
    Abraços
    ZeRo

  4. Daniel Tozetti

    Amigos.
    Foi muito bom conhecer vcs e seguir este dia juntos.
    Chegamos hoje 08/01 a San Pedro de Atacama.
    Vamos tomar uma gelada assim que chegarem aqui.
    11-991857364. Manda um whattapp
    Abraco

  5. Thais

    o nome é disso é RABO… isso sim
    fiquei aflita por vc… mas se fosse comigo, com ctz não teria tanta sorte… ufa hein?

  6. Manoel - vizinho Cap Ferrat

    Cara, que aventura, muito gostoso, experimentar o lado bom das pessoas.
    Que vocês encontrem novos anjos pela estrada sempre q precisarem.

  7. Kalissa

    Nao acreditei quando li….parece historia inventada! ahahhaha Isso é um sinal pra vcs escreverem um livro dessa viagem, seria uma historia e tanto! Pensem neste proximo projeto!

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